Post escrito com ajuda de artigo da Galeria Musical
Quando se estuda a história do rock, inevitavelmente os Rolling Stones aparecem como uma das primeiras bandas a chocar o público conservador com suas atitude rebeldes e referências ao sexo.“Exile on Main St.” possui uma significação muito ampla, incapaz de ser compreendida com algumas dezenas de audições. Talvez, “Exile...” seja o último álbum feito literalmente à mão, ainda que este título, via de regra, recaia sobre o violento “Apetite for Destruction”. No entanto, dizer que este disco foi feito à mão não significa apenas evidenciar a sua crueza, ou ainda, rusticidade, mas também indicar que, acima de tudo (inclusive das circunstâncias que o ensejaram), “Exile on Main St.” é uma prova da incrível capacidade criativa dos Rolling Stones.
Em 1972, toda a cena cultural-musical passava por uma reestruturação e os Stones, beiravam, literalmente, à falência. Resultante de contrato aproveitador de um empresário ladrão e os densos impostos cobrados na Inglaterra, que na verdade não eram pagos por eles, a banda viu a necessidade de “recomeçar”, ou se exilar. O local escolhido: um antigo reduto nazista, em Vile Nellcote, na costa francesa. Lá, os Stones mergulhariam no inferno, e dele, surgiria uma de suas incontestáveis obras primas.
A rusticidade de “Exile on Main St.” se evidencia já na metodologia da gravação: com dificuldade de encontrar um estúdio satisfatório, os Stones utilizaram um pequeno estúdio móvel, com equipamentos para gravação, e o trouxeram até a famigerada mansão de Keith Richards. com todos os integrantes morando juntos (Richards, Jagger, Charlie Watts, Bill Wyman e Mick Taylor, sem contar que Jagger recém casara-se e Richards contava, também, com sua esposa e filho) e um verdadeiro estoque de drogas, era de se esperar a criação de qualquer coisa, menos um disco. Ainda mais um que pudesse salvar a carreira dos Stones.
Mas “Exile...” provou ser capaz de alçar a banda às alturas. Todas as 18 canções originais do álbum apresentam uma surpresa a quem o houve, e não se trata de exagero. Jack White, conhecido por suas breves palavras, foi categórico ao afirmar que “Exile...” põe em cheque a carreira do mais estudioso jornalista, justamente por não haver como rotular o disco: “Exile on Main St.” converge em mais de 15 direções diferentes, sem nunca perder sua essência.
“Shake Your Hips”, “Loving Cup” e “Sweet Virginia” são exemplos dessas muitas influências que permeiam o disco. “Shine a Light” é uma sublime clássico, quase um hino.
O jogo de palavras em “Tumbling Dice” comprova também o caráter de “manufatura” do disco. Enfim, todas essas qualidades fazem de “Exile on Main St.” Um incrível exemplar da arte da música, do rock n’ roll e da magistral capacidade dos Stones em brincar com as palavras e fazer canções como quem se entorpece ou faz amor.
No último dia 18 de maio, o mundo foi brindado com o relançamento do disco, acrescido de material inédito, fruto de horas e horas de audição das master tapes originais da gravação do álbum, feitas pelos produtores Jimmy Miller, Glimmer Twins e Don Was. Para se ter uma idéia da importância deste fato, uma das canções inéditas (“Pass the Wine”) estava inacabada quando Don Was a encontrou, consubstanciada, até aquele momento, como um punhado melódico e harmônico demasiadamente vago. Jagger inseriu, 37 anos depois, letra e voz à canção, enquanto Keith aparou as arestas das seis cordas originalmente gravadas.
A remasterização de “Exile...” também traz canções originais em takes com letras alternativas de “Soul Survivor” e “Loving Cup”.
Enfim, a simples complexidade de “Exile on Main St.” é o seu maior charme. No começo, disse que, talvez, este seria o último álbum feito literalmente à mão. Esta é a beleza do disco: os Stones sabiam que precisavam de uma salvação e, ao invés de empenhar-se, brincaram de "fazer música". Em meio à fumaça de haxixe, doses de heroína e choros de crianças, os Stones construíram, peça à peça, a formatação de uma obra prima do rock!
Poderia ter falado das drogas, de sexo, e de todas as coisas que envolvem a gravação de um disco, ainda mais quando se fala de Rolling Stones. Mas aqui, eu quis dar mais ênfase à musicalidade de "Exile on Main Street".
Faixas:
1. "Rocks Off" – 4:32
2. "Rip This Joint" – 2:23
3. "Shake Your Hips" (Slim Harpo) – 2:59
4. "Casino Boogie" – 3:33
5. "Tumbling Dice" – 3:45
6. "Sweet Virginia" – 4:25
7. "Torn and Frayed" – 4:17
8. "Sweet Black Angel" – 2:54
9. "Loving Cup" – 4:23
10. "Happy" – 3:04
11. "Turd on the Run" – 2:37
12. "Ventilator Blues" (Jagger, Richards, Mick Taylor) – 3:24
13. "I Just Want to See His Face" – 2:52
14. "Let It Loose" – 5:17
15. "All Down the Line" – 3:49
16. "Stop Breaking Down" (Robert Johnson) – 4:34
17. "Shine a Light" – 4:14
18. "Soul Survivor" – 3:49
Extras (2010):
1. "Pass the Wine (Sophia Loren)" - 4:54
2. "Plundered My Soul" - 3:59
3. "I'm Not Signifying" - 3:55
4. "Following the River" - 4:52
5. "Dancing in the Light" - 4:21
6. "So Divine (Aladdin Story)" - 4:32
7. "Loving Cup" (Alternate take) - 5:26
8. "Soul Survivor" (Alternate take) - 3:59
9. "Good Time Women" - 3:21
10. "Title 5" - 1:47
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